quinta-feira, 10 de junho de 2010

Silêncio muito diz...

O silêncio é a ausência de som, mas pode designar muitos significados, tais como opressão, sentimentos interditos (não autorizados pelo próprio ser, no caso, reprimido), respostas óbvias e claras, consentimento/arrependimento. O silenciamento não só se destaca na comunicação humana, mas como também está em evidência na música, em termos de música clássica, temos belos exemplos de seguimentos e passagens nas partituras dando ênfase ao silêncio, assim para designar algum sentimento que o autor da música tenha passado na hora em que esteve compondo tal melodia.

O silêncio como passividade seria uma anti-ação, propositalmente ou não, gera uma mistificação na comunicação, visibilizando uma comunicação muda com compreensão.

O discurso está para quebrar o segredo que a natureza esconde, descriptografa todo o manto que se mante translúcido e quebra o silêncio que esconde toda a verdade.

A ausência de um discurso numa pessoa sobre si mesma, aparece como um rosto desfigurado. Existe um grande peso nas palavras que indicam uma prova cabal realística de quem aquela pessoa é realmente, é como se a “máscara” estivesse caindo para um sujeito depois de discursar sobre si ou sobre a vida como ela enxerga.

No momento, as TVs ou rádios nos metralham com um contingente de palavras, na maioria, fadadas ao esquecimento. Palavras demasiadas, palavras aturdidamente embaraçadas começarão a se tornar em ruído, e assim, se tornarão insignificantes para um target. O uso do silêncio no momento do “tiroteio publicitário” é uma essência necessária para uma suscetível fisgada de orelha do target.

Na modernidade, o silêncio é temido, é a angústia torturante do ser moderno de se encontrar sozinho, sem barulho algum. Este lance do indivíduo não conseguir viver sem algum ruído televisivo, vem-se por meio de uma enfermidade neurótica, assim não deixando o individuo em paz no silêncio, como se fosse uma “dependência auditiva”.

A cultura nacirsista se deleita com fofocas, se alimenta e se fortalece com conversas sobre a vida alheia, assim, criando um possível vício. Este tipo de vício é bastante explorado em programações de TV, para as pessoas narcisistas que querem muito saber da vida alheia, ou se comparar, e assim, esquecendo de sua própria existência.

Na psicanálise, o silêncio muito diz a respeito de um comportamento de um individuo. Algo que é silenciado é lembrado. A memória que reside impregnada, chegando a atormentar a mente de um ser é justamente por não conversar e exteriorizar seus sentimentos, assim gerando uma introspecção viciosa causando alterações de comportamento e humor.

Nas artes, o cenário das esculturas egípcias muito diz sobre silêncio, todas elas, em formas humanas, todas rígidas de punhos fechados não esboçam nenhum sentimento, oque é diferente das esculturas gregas, que estão esboçando emotividade, sutileza ou movimento.



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